domingo, dezembro 04, 2011

Lavadoras Extratoras - Eficiência na Lavagem



Eng. Walter Stort Junior Consultoria para Lavanderia e Vapor
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LAVADORAS EXTRATORAS:
Eficiência na Lavagem Nestes últimos 28 anos de trabalho na área de equipamentos de lavanderia, muitas perguntas foram feitas e algumas respostas foram dadas dentro de nossas possibilidades . Este texto visa ordenar algumas destas questões como forma de alertar para tópicos que podem melhorar o processamento de roupas, minimizar o custo final do processo e proporcionar maior qualidade para o cliente final.

Perguntas como “Quanto gasta de água esta determinada lavadora?“ foram feitas inúmeras vezes e ao longo do tempo fui percebendo que mesmo pessoas com longa vivencia na área nem sempre atinavam para o fato de que a lavadora por ela própria não gasta água! Quem gasta é o processo de lavagem, a não adequada separação e classificação das roupas, o excessivo número de enxagues e também o uso do equipamento fora de suas especificações de capacidade de carga, seja com carga excessiva ou seja com pouca carga.

Outras constatações: “Sr. Walter, este equipamento que foi comprado pela empresa, tem uma característica interessante: Quando colocamos carga completa, ele lava muito bem! Quando colocamos meia carga ele lava mal. E olha que seguimos a indicação correta do fabricante de produtos químicos, com relação à quantidade de gramas de produto químico por quilo de roupa processada!!!!“ Ou seja, o conceito de CONCENTRAÇÃO, foi totalmente esquecido!!

Eu sempre uso em minhas palestras o exemplo do CLORO no copo e pergunto às pessoas: “Voce tomaria um copo de Cloro puro se eu o oferecesse a você agora? E a resposta óbvia é não!!, No entanto esta mesma pessoa entra em uma piscina, num dia quente, após terem “clorado“ a mesma, sem se importar em que a água passe por entre seus lábios, reclamando apenas de um pouco de irritação nos olhos, mas que vale a pena neste dia quente.




O que faz a pessoa poder usufruir da piscina é o fato de que a CONCENTRAÇÃO de CLORO em mg/litro está dentro dos valores adequados à condição humana! Num exemplo simples em uma lavagem de roupa, se numa lavadora cujo cesto interno tenha, por exemplo 1.000 litros de água em um determinado nível prescrito pelo fabricante de produtos químicos como o ideal para que a lavagem ou processamento das roupas tenha sua máxima eficiência, e que na situação A seja colocada a quantidade de 100 kg de roupa com “20 gramas por quilo de roupa“ ou seja, 2.000 gramas no total, teremos uma concentração de 2 gramas por litro de água o que é exatamente o dobro de uma situação B onde para 50 kg de roupa a serem processadas, no mesmo equipamento, sejam colocadas 1.000 gramas de produto (50 x 20) com uma concentração final de 1 grama por litro de água para o mesmo nível de água!!!

Como querer-se um resultado efetivo se temos a metade da CONCENTRAÇÃO de produtos químicos no mesmo equipamento?

Esta é uma das razões de minha briga ao longo dos anos, para que os produtores e fabricantes de produtos químicos, mudem suas “receitas“ ou processos e adotem a informação de gramas por litro e não gramas por quilo de roupa processada. Alguns já fazem isto, mas nem todos!

Sou perguntado muitas vezes, principalmente por pessoas do ramo químico, de forma brusca, “Quanto gasta de água sua máquina?, ao que respondo de sopetão, “Que desligada não gasta nada“ pois o consumo de água vai depender de uma série grande de fatores.

Vamos por partes ponto por ponto!

1º. FATOR – Separação e classificação da roupa e influencia do tecido. Talvez o mais importante de todos pois uma vez bem separada por tipo de tecido e por tipo de sujidade, há a possibilidade de se ter para cada um destes lotes separados e diferenciados, uma “receita“ ou processo específico, com a quantidade de produtos químicos, temperatura e níveis de água adequados para o tempo determinado para tal processo escolhido. Desta forma o ponto de equilíbrio do Círculo de Sinner é achado para dar a maior eficiência em cada processo, com o menor custo possível. Tecidos 100% algodão tem comportamento distinto de tecidos 50% / 50% pelo fato de que as fibras sintéticas não se encharcam, ou seja a água ou líquido não penetram nas fibras, mas somente em seus interstícios.
Fabricantes de tecidos propõe que se adote uma redução de capacidade de carga da máquina de lavar que chegaria a 55% do volume para tecidos com 100% de fibras sintéticas e de 75% de volume para tecidos 50% / 50%. Esta redução de volume aumentaria a chamada “lavabilidade“ do equipamento, pois leva em conta o fato do não encharque da fibra sintética. Na prática no campo é o que se verifica com processos mais rápidos e mais eficientes quando esta redução de carga é feita. Isto nos leva a mais um ponto importante.

2º. FATOR – Capacidade de carga. Como calcular a capacidade de carga de uma lavadora qualquer? Evidentemente que a capacidade de carga está relacionada diretamente com o volume livre do cesto interno. Por que volume livre? Porque espaços perdidos com portas espessas ou com proteções de eixos muito avantajadas, reduzem o espaço que a roupa precisa ter para sua movimentação interna, pois quer queira quer não, a lavadora procura reproduzir ainda que de forma mecânica, o movimento anteriormente feito pelas lavadeiras de beira de rio, quando “batiam“ a roupa nas pedras para retirar a sujidade. Esta é uma das razões porque ainda hoje lavadoras ditas de determinada capacidade em kg , são comumente indicadas pelo pessoal de produtos químicos para trabalhar com 80 a 85% desta carga nominal do equipamento, sob pena de não haver um bom resultado de lavagem. Quando se vai verificar este equipamento, o mesmo tem na realidade volume compatível com 80 a 85% da carga nominal e não com os 100% indicados pelo fabricante. Normalmente a fórmula usada e inclusive constante das normas da ABNT preconiza Fator de Carga de 1:10 para o que comumente chamamos de lavagem comercial e de 1:12 para a lavagem hospitalar. Isto significa que para cada 1 quilo de algodão seco que eu desejo processar eu preciso ter 10 litros de volume livre de cesto interno.
Usando o mesmo critério, se a roupa for 50% / 50% o fator de carga deverá ser de 1:13,3!
Temos percebido que os fabricantes no exterior pouco usam o Fator de Carga 1:12 em seus equipamentos e também temos percebido que se a lavadora além de ter cestos com volumes livres de cesto interno com fator de carga 1:10 e terem boas velocidades periféricas de cesto durante o processo de lavagem, que não há necessidade do fator de carga 1:12 para roupas hospitalares. O que há sim, na maioria dos casos é um não acerto da Velocidade Periférica - VP - do equipamento, outro fator importante!

3º FATOR – Velocidade Periférica (VP). A VP ideal (e que anteriormente adotada como ideal entre 1 a 1,5 mps), na realidade depende do modelo do equipamento (principalmente relação diâmetro x comprimento) e se a lavadora tem uma, duas ou três camaras de lavagem! Independente do valor adotado queremos que numa lavadora não ocorram duas situações: · Uma velocidade que seja tão pequena que a roupa não suba com a batedeira para atingir a chamada posição das 11:00 horas ou posição das 13:00 para que possa cair e executar a AÇÃO MECANICA para retirada da sujidade da roupa, ou · tão alta que “cole“ a roupa no cesto (como se fosse uma mini centrifugação) e da mesma forma não execute a AÇÃO MECANICA desejada.
Em um equipamento dotado de Inversor de Frequência, e que seja frontal, este ajuste de velocidade é feito de forma mais fácil e traz resultados melhores para a lavagem ou processamento. Como estamos falando de escorregamento de fibras, é importante ressaltar (e isto já foi comprovado na prática) de que não podemos falar de VP idêntica para algodão 100% ou para tecido misto (50 %/50%) pois as fibras sintéticas tem coeficiente de atrito diferente daquele do algodão e desta forma “escorregam“ mais que os tecidos de algodão, exigindo VP diferenciada!
Bom, já separamos e classificamos a roupa, já carregamos de acordo com a capacidade medida do cesto interno (Volume livre de portas e outros que tais!) e vamos iniciar nosso processo de lavagem. Nesta hora nos defrontamos com alguns pontos importantes que podem participar muito em nosso custo final.

4º. FATOR – Nível de Banho, Quantidade de Banhos e Quantidade de Produtos. Nível de água em cada banho, número de banhos do processo e principalmente, a quantidade de produtos químicos usados em cada processo! Se usamos pouco, perdemos a concentração de produtos químicos em gramas por litro de banho e somos pouco eficientes pois AÇÃO QUIMICA é um dos pontos importantes do Círculo de Sinner. Se colocamos demais, nosso custo aumenta, desperdiçamos produto pois há um ponto de saturação do banho e temos que tratar uma quantidade maior de produtos químicos!




5º FATOR - Temperatura. O uso da temperatura ajuda na maioria das vezes a aumentar a velocidade de interação do produto químico no processamento da roupa. Cada tipo de lavagem (e isto deve ser verificado junto ao fornecedor de produtos químicos) tem sua temperatura ideal, já que em alguns casos um produto que não aja de forma mais intensa a não ser com 65o.C pode eventualmente degradar-se e ter ação zero com temperatura de 90o.C. Nem todas as fases do processo podem ter temperatura (principalmente as umectações iniciais), mas naquelas onde se puder usar, podemos reduzir positivamente o tempo de processamento final, reduzindo o investimento em equipamentos. Devemos também lembrar que obter kCal, custa $$$.

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