Manual de Segurança na Higiene e Limpeza
Prof. Roberto Maia Farias
Manual de Segurança na Higiene e Limpeza, 2011.
Higiene das mãos é a medida sanitária de
proteção simples individual e coletiva utilizada pelos colaboradores para
prevenir a propagação das infecções relacionadas à assistência à saúde. O termo
“lavagem das mãos” foi substituído recentemente por “higienização das mãos”
devido à maior abrangência deste procedimento.
O termo engloba a:
Hgienização
simples;
Higienização
anti-séptica;
Fricção
anti-séptica e;
Anti-sepsia
cirúrgica das mãos.
POR QUE HIGIENIZAR AS MÃOS?
As mãos constituem a
principal via de transmissão de microrganismos durante a assistência prestada
aos pacientes, pois a pele é um possível reservatório de diversos
microrganismos, que podem se transferir de uma superfície para outra, por meio
de contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com objetos
e superfícies contaminados.
A microbiota
transitória coloniza a camada mais superficial da pele, o que permite sua
remoção mecânica pela higienização das mãos com água e sabão, sendo eliminada
com mais facilidade quando se utiliza uma solução anti-séptica. É representada,
tipicamente, pelas bactérias Gram-negativas, como enterobactérias (Ex: Escherichia
coli), bactérias não fermentadoras (Ex: Pseudomonas aeruginosa),
além de fungos e vírus.
QUAL O OBJETIVO DA HIGIENE DAS MÃOS?
A higienização das mãos
apresenta as seguintes finalidades: A remoção de sujidade, suor, oleosidade,
pêlos, células descamativas e da microbiota da pele, interrompendo a
transmissão de infecções veiculadas ao contato e a prevenção e redução das
infecções causadas pelas transmissões cruzadas.
QUEM DEVE HIGIENIZAR AS MÃOS?
Todas as pessoas devem higienizar bem as mãos, principalmente
todos os profissionais que trabalham em serviços de saúde, que mantém contato
direto ou indireto com os pacientes, que atuam na manipulação de medicamentos,
alimentos e material estéril ou contaminado.
COMO FAZER? QUANDO FAZER?
As mãos dos
profissionais que atuam em serviços de saúde podem ser higienizadas
utilizando-se:
Água e
Sabão;
Preparação
alcoólica;
Anti-séptico.
A utilização de um determinado produto depende das indicações
descritas abaixo:
ÁGUA E SABÃO
Indicação:
Ao iniciar o turno de trabalho;
Antes de entrar no banheiro;
Após ir ao banheiro;
Antes e depois das refeições;
Antes do preparo de alimentos;
Após o manuseio de alimentos;
Antes do preparo e manipulação de
medicamentos;
Nas situações descritas a seguir para
preparação alcoólica.
PREPARAÇÃO ALCOÓLICA
Indicação
Ao iniciar o turno de trabalho;
Antes de ir ao banheiro;
Após ir ao banheiro;
Antes e depois das refeições;
Antes de preparo de alimentos;
Antes de preparo e manipulação de
medicamentos;
Nas situações descritas a seguir para preparação
alcoólica.
O uso de luvas para serem utilizadas pelos profissionais de saúde ajuda a reduzir a transmissão de patógenos. Entretanto, elas podem ter microfuros ou perder sua integridade sem que o profissional perceba, possibilitando a contaminação das mãos.
Importante:
Use Luvas somente quando indicado;
Utilize-as antes de entrar em contato
com sangue, líquidos corporais, membrana mucosa, pele não intacta e outros
materiais potencialmente infectantes;
Troque de luvas sempre que entrar em
contato com outro paciente;
Nunca toque desnecessáriamente
superfícies e materiais (tais como telefones, maçanetas, portas) quando estiver
com luvas;
Observe a técnica correta de remoção
de luvas para evitar contaminação das mãos;
Lembre-se: o uso de luvas não subtitui a higienização das
mãos.
ANTI-SÉPTICOS
Estes produtos associam detergentes com anti-sépticos e se destinam à higienização anti-séptica das mãos e degermação da pele.
Indicação:
Higienização anti-séptica das mãos.
Nos casos de precaução de contato recomendados para
pacientes portadores de microrganismos multirresistentes;
Nos casos de surtos.
TÉCNICAS
As técnicas de higienização das mãos podem variar, dependendo do objetivo ao qual se destinam. Podem ser divididas em higiene simples, anti-sépticas, fricção anti-séptica das mãos com preparações alcoólicas.
A eficácia da
higienização das mãos depende da duração e da técnica empregada.
Importante: Antes de
iniciar qualquer uma dessas técnicas, é necessário retirar jóias (anéis,
pulseiras, relógio), pois sob tais objetos podem acumular-se microrganismos.
HIGIENIZAÇÃO
SIMPLES DAS MÃOS
A finalidade é remover os microrganismos que colonizam as camadas superficiais da pele, assim como o suor, a oleosidade e as células mortas, retirando a sujidade propícia à permanência e à proliferação de microrganismos.
O procedimento deve
durar entre 40 a 60 segundos.
Importante:
No caso de torneiras com contato manual para fechamento, sempre utilize
papel-toalha; O uso coletivo de toalhas de tecido é contra-indicado, pois estas
permanecem úmidas, favorecendo a proliferação bacteriana; Deve-se evitar água
muito quente ou muito fria na higienização das mãos, a fim de prevenir o
ressecamento da pele.
HIGIENIZAÇÃO
ANTI-SÉPTICA DAS MÃOS
A
finalidade é promover a remoção de sujidades e de microrganismos, reduzindo a
carga microbiana das mãos, com auxílio de um anti-séptico.
O procedimento deve durar entre 40 a 60 segundos.
A técnica de higienização anti-séptica é igual àquela utilizada para higienização simples das mãos, substituindo-se o sabão por um anti-séptico. Exemplo: anti-séptico degermante.
FRICÇÃO
ANTI-SÉPTICA DAS MÃOS (COM
PREPARAÇÕES ALCOÓLICAS)
A finalidade é reduzir a carga microbiana das mãos (não há remoção
de sujidades). A utilização de gel alcoólico a 70% ou de solução alcoólica a
70% com 1-3% de glicerina pode substituir a higienização com água e sabão
quando as mãos não estiverem visivelmente sujas.
O procedimento deve durar entre 20 a 30 segundos.
Importante: Para evitar ressecamento
e dermatites, não higienize as mãos com água e sabão imediatamente antes ou
depois de usar uma preparação alcoólica; Depois de higienizar as mãos
com preparação alcoólica, deixe que elas sequem completamente (sem utilização
de papel-toalha).
IMPORTANTE
De acordo com os
códigos de ética dos profissionais de saúde, quando estes colocam em risco a
saúde dos pacientes podem ser responsabilizados por imperícia, negligência ou
imprudência.
UTENSÍLIOS E EQUIPAMENTOS PARA LAVAGEM DE MÃOS
ÁGUA:
A água utilizada
em serviços de saúde deve ser livre de agentes contaminantes químicos e
biológicos, obedecendo aos dispositivos da Portaria n. 518/GM, de 25 de março
de 2004, que estabelece os procedimentos relativos ao controle e à vigilância
da qualidade deste insumo. Os reservatórios devem ser limpos e desinfetados,
com realização de controle microbiológico semestral.
SABÕES:
Nos serviços de saúde recomenda-se o uso de sabão líquido, tipo refil,
devido ao menor risco de contaminação do produto. Recomenda-se que o sabão seja
agradável ao uso, possua fragrância leve e não resseque a pele. A adição de
emolientes à sua formulação pode evitar ressecamentos e dermatites.
A compra do sabão padronizado pela instituição deve ser realizada segundo
os parâmetros técnicos definidos para o produto e com a aprovação da Comissão
de Farmácia e Terapêutica (CFT) e da Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH). Para confirmar a legalidade do produto, pode-se solicitar ao
vendedor a comprovação de registro na Anvisa/MS.
AGENTES ANTI-SÉPTICOS:
São substâncias
aplicadas à pele para reduzir o número de agentes da microbiota transitória e
residente. Entre os principais anti-sépticos utilizados para a higienização das
mãos, destacam-se: Álcoois, Clorexidina, Compostos de iodo, Iodóforos e
triclosan.
PAPEL-TOALHA:
O papel-toalha
deve ser suave, possuir boa propriedade de secagem, ser esteticamente aceitável
e não liberar partículas. Na utilização do papel-toalha, deve-se dar preferência
aos papéis em bloco, que possibilitam o uso individual, folha a folha.
LAVATÓRIOS:
Sempre que houver paciente (acamado ou não), examinado,
manipulado, tocado, medicado ou tratado, é obrigatória a provisão de recursos
para a higienização das mãos (por meio de lavatórios ou pias) para uso da
equipe de assistência. Nos locais de manuseio de insumos, amostras,
medicamentos, alimentos, também é obrigatória a instalação de lavatórios/pias.
Os lavatórios ou pias devem possuir torneiras ou comandos que dispensem o
contato das mãos quando do fechamento da água. Deve ainda existir provisão de
sabão líquido, além de recursos para secagem das mãos. No lavabo cirúrgico, o
acionamento e o fechamento devem ocorrer com cotovelo, pé, joelho ou célula
fotoelétrica.
Para os ambientes que executem procedimentos invasivos, cuidados a
pacientes críticos ou que a equipe de assistência tenha contato direto com
feridas, deve existir, além do sabão já citado, provisão de anti-séptico junto
às torneiras de higienização das mãos.
Todos esses lavatórios devem ter fácil acesso e atender à proporção abaixo definida:
Quarto ou enfermaria.
|
1 (um) lavatório externo para no máximo, 4 (quatro)
quartos ou 2 (duas) enfermarias;
|
UTI.
|
1 (um) lavatório a cada 5 (cinco) leitos de não isolamento;
|
Berçário.
|
1 (um) lavatório a cada 4 (quatro) berços;
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Ambiente destinados à
procedimentos de reabilitação e coleta laboratorial.
|
1 (um) lavatório a cada 6 (seis) boxes
|
Unidade de processamento
de roupas.
|
1 (um) lavatório na área suja (banheiro) e 1 (um)
lavatório na área limpa.
|
DISPENSADORES DE SABÃO E ANTI-SÉPTICOS
Para evitar a contaminação do sabão líquido e do produto anti-séptico,
têm-se as seguintes recomendações: Os dispensadores devem possuir dispositivos
que facilitem seu esvaziamento e preenchimento. No caso dos recipientes de sabão líquido e anti-séptico
ou almotolias não serem descartáveis, deve-se proceder à limpeza destes com
água e sabão (não utilizar o sabão restante no recipiente) e secagem, seguida
de desinfecção com álcool etílico a 70%, no mínimo uma vez por semana ou a
critério da CCIH. Não se deve completar o conteúdo do recipiente antes do
término do produto, devido ao risco de contaminação. Para os produtos não
utilizados em recipientes descartáveis, devem-se manter os registros dos
responsáveis pela execução das atividades e a data de manipulação, envase e de
validade da solução fracionada.
A validade do sabão, quando mantida na embalagem original, é definida pelo fabricante e deve constar no rótulo; A validade do produto fora da embalagem do fabricante ou fracionado deve ser validada para ser estabelecida, ou seja, pode ser menor que aquela definida pelo fabricante, pois o produto já foi manipulado; essa validade pode ser monitorada, por exemplo, pelo uso de testes que apurem o pH, a concentração da solução e a presença de matéria orgânica.
Deve-se optar por dispensadores de fácil limpeza e que evitem o contato direto das mãos. Escolher, preferencialmente, os do tipo refil. Neste caso, a limpeza interna pode ser feita no momento da troca do refil.
PORTA-PAPEL-TOALHA:
O porta-papel-toalha deve ser fabricado, preferencialmente, com material
que não favoreça a oxidação, sendo também de fácil limpeza. A instalação deve
ser de tal forma que ele não receba respingos de água e sabão. É necessário o
estabelecimento de rotinas de limpeza e de reposição do papel.
SECADOR ELÉTRICO:
No processo de higienização das mãos, não é indicado o uso de secadores
elétricos, uma vez que raramente o tempo necessário para a secagem é obedecido,
além de haver dificuldade no seu acionamento. Eles podem, ainda, carrear
microrganismos. O acionamento manual de certos modelos de aparelho também pode
permitir a recontaminação
das mãos.
LIXEIRA PARA DESCARTE DO PAPEL-TOALHA:
Junto aos lavatórios e às pias, deve sempre existir recipiente para o
acondicionamento do material utilizado na secagem das mãos. Este recipiente
deve ser de fácil limpeza, não sendo necessária a existência de tampa. No caso
de se optar por mantê-lo tampado, o recipiente deverá ter tampa articulada com
acionamento de abertura sem utilização das mãos.
As técnicas de higienização das mãos podem variar, dependendo do objetivo
ao qual se destinam. Podem ser divididas em:
Higienização simples das
mãos;
Higienização anti-séptica
das mãos;
Fricção de anti-séptico nas
mãos;
Anti-sepsia cirúrgica ou
preparo pré-operatório das mãos.
A eficácia da higienização das mãos depende da duração e da técnica
empregada.
A legislação brasileira, por meio da Portaria n. 2.616, de 12 de maio de
1998, e da RDC n. 50, de 21 de fevereiro 2002, estabelece, respectivamente, as
ações mínimas a serem desenvolvidas com vistas à redução da incidência das
infecções relacionadas à assistência à saúde e as normas e projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde.
Este insumo está regulamentado pela
resolução ANVS n. 481, de 23 de setembro de1999.
Na
aquisição de produtos anti-sépticos, deve-se verificar se estes estão
registrados na Anvisa/MS. As informações sobre os produtos registrados na
Anvisa/MS utilizados para a higienização das mãos estão disponíveis no endereço
eletrônico:
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