APERFEIÇOAMENTO TÉCNICO DO PESSOAL DE
LAVANDERIA:
UM ESTUDO NA UFRRJ
Maria da Conceição Gomes Valle[1]
Fabíola de Sousa Pinto[2]
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo realizar um
treinamento com os trabalhadores da lavanderia da UFRRJ. Uma vez que, a função
da lavagem das roupas é obter a completa higiene, evitando a recontaminação, e
que a lavanderia atende a toda comunidade universitária, torna-se necessário
que os profissionais da lavanderia estejam qualificados para suas funções. É
preciso ainda que os operadores da lavanderia tenham consciência também sobre
os riscos de contaminação pessoal e das roupas higienizadas, já que na
lavanderia são processadas roupas do posto médico e hospital veterinário. O
treinamento foi desenvolvido a partir da necessidade sentida pela chefia da
lavanderia. Os temas abordados envolveram o conhecimento das fibras, métodos de
produção de panos, produtos utilizados na higienização das roupas, os processos
de lavagem e segurança no trabalho. Pois a capacitação visava proporcionar
condições para obtenção de melhores resultados de limpeza e durabilidade das peças.
Apenas 62,5% dos trabalhadores participaram do treinamento. O curso foi bem
aceito pelos participantes, que informaram possuir desejo de ser um profissional
melhor, aumentar conhecimentos para melhorar a qualidade do serviço, além poder
aplicar o que aprenderam em suas atividades diárias. Consideramos que os treinamentos
deveriam ser realizados fora do espaço da lavanderia e envolver todos
operadores, para que a lavanderia possa oferecer à Instituição e demais
usuários um serviço de qualidade, e se crie nos funcionários uma consciência em
relação aos riscos que a roupa contaminada oferece.
PALAVRAS-CHAVE: Treinamento. Conhecimento
técnico. Lavanderia universitária.
1 INTRODUÇÃO
Na Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ) a lavanderia é um setor de apoio que auxilia o bom
funcionamento da Instituição. A ela compete o processo de higienização das
roupas utilizadas no Campus Seropédica. A qualidade do serviço prestado em
diferentes unidades como alojamentos, hotel, restaurante, o hospital
veterinário, entre outros, depende da qualidade do processamento e entrega das
roupas em perfeitas condições de limpeza.
Para que isto ocorra, torna-se necessário que
os profissionais da lavanderia estejam qualificados para suas funções e tenham
conhecimento, principalmente, quanto às fibras têxteis, produtos químicos
utilizados e os processos de separação, lavagem, centrifugação, secagem e
passagem das roupas.
A universidade recebe em seus alojamentos alunos
de outros estados e até de outros países, por isto necessita oferecer serviços
como alimentação, lavanderia, serviços médicos, hospedagem entre outros. Hoje a
lavanderia atende, além desses alunos, a todos os Institutos, Decanatos, Casa
do Reitor, Restaurante Universitário, Posto Médico, Hotel, Colégio Técnico, Hospital
Veterinário, residências de servidores e comunidade adjacente.
Percebe-se que há muitos anos o quadro da
lavanderia não é renovado através de concurso público, as vagas ali surgidas
são preenchidas por funcionários remanejados de outros setores ou por
contratação de pessoal terceirizado, através de empresas prestadoras de serviços,
sendo admitidos como auxiliares de serviços. Portanto o nível de qualificação, necessário
ao bom desempenho das funções ali exercidas, apresenta-se relativamente baixo.
Uma vez que, segundo Lauro (2001), a função da
lavagem das roupas é obter a completa higiene e a preservação de contaminações.
Torna-se necessário que os operadores da lavanderia tenham consciência também
sobre os riscos de contaminação pessoal e das roupas higienizadas, já que na
lavanderia são processadas roupas do Posto Médico e Hospital Veterinário.
Destaca Silva (2006) que os trabalhadores de
lavanderia são, também, submetidos a fatores ambientais que podem gerar diferentes
problemas de saúde pelo não uso de equipamentos de proteção individual,
problemas ergonômicos e posturais em função do espaço físico de trabalho e
doenças pulmonares e do sistema músculo-esquelético. Pelo exposto, o
treinamento em lavanderia é uma necessidade, pois o operador da lavanderia deve
ser um profissional responsável, consciente e capacitado para manter sua
segurança, a eficiência de suas atividades e contribuir para que as roupas
sejam limpas dentro dos padrões de higiene necessárias à manutenção da boa
saúde.
A motivação para o desempenho das funções na
lavanderia é outro fator de destaque, já que o trabalho neste setor, em
diferentes instituições, muitas vezes não possui o mesmo reconhecimento que nos
demais setores. Este estudo surgiu da solicitação da chefia da lavanderia que
sentia a necessidade de capacitar os colaboradores para conhecer técnicas de
processamento de roupas.
2 REVISÃO DE LITERATURA
A lavagem de roupas tem por finalidades a
remoção de sujeiras e das cargas microbianas das roupas, proporcionando boa
aparência, conforto e bem-estar ao usuário. Afirmam Castro e Chequer (2001) que
a lavagem reduz 99% dos microorganismos presentes3 nas roupas hospitalares e
que além da preocupação em desinfetar a roupa durante a lavagem é necessário
que toda equipe de trabalho esteja treinada e conscientizada da necessidade do
uso de técnicas corretas na manipulação de todo processamento das roupas até
sua distribuição, para que se evite a recontaminação.
Destacam ainda Torres e Lisboa (1999) que
deve ser concedido ao profissional de lavanderia oportunidade de
desenvolvimento pessoal e profissional para evitar desnível entre as exigências
do cargo e seu ocupante; queda da qualidade das atividades; baixa de autoestima
e insatisfação. Ressaltam ainda que um pessoal bem treinado e valorizado
resultará em maior produtividade e menor custo e que se o funcionário não se
conscientizar do “porque” realizar determinado procedimento, não verá problemas
em executar as técnicas de outra forma, ou seja, de forma errada.
2.1 Condições Físicas e Ambientais da
Lavanderia
O planejamento físico da lavanderia segundo
Mezzono (1992) deve ser realizado considerando a dimensão, distribuição,
localização das instalações, circulação e fluxo do serviço. É necessário que o
local de trabalho apresente uma racionalização do espaço com um fluxo de
circulação livre para não causar transtorno aos operadores.
Para Cândido e Vieira (2003), uma lavanderia
bem planejada pode oferecer melhores condições de trabalho, menor risco à
saúde, maior produtividade com aumento da qualidade e redução dos custos.
Castro e Chequer (2001) dividem a lavanderia
basicamente em área suja e área limpa. A área suja (contaminada) pode se
subdividir em: setor de coleta, de separação e de lavagem da roupa. Já a área
limpa se divide em: setor de acabamento e rouparia e setor de costura. A
descoberta de que o processamento de roupa hospitalar em um único ambiente pode
propiciar a recontaminação da roupa limpa devido ao lançamento de um grande
número de microorganismos no ar, levou ao desenvolvimento de uma “barreira de
contaminação”. Esta barreira promove a separação das áreas suja e limpa. Neste
caso torna-se necessário à utilização de lavadoras de barreira, isto é, com
duas portas de acesso, uma para cada área.
Quando da utilização de lavadoras
tradicionais, a barreira de contaminação deve ser feita pela delimitação de uma área física
especial para separação da roupa suja. Esta área está situada em um espaço
intermediário entre a área de lavagem e a área limpa onde ocorre o acabamento
(SILVA, 2006)4
A lavanderia da UFRRJ efetiva a barreira de
contaminação com a utilização de uma única lavadora para as roupas do hospital
veterinário e com a colocação das roupas diretamente, dos sacos em que vem
acondicionada, na máquina.
Lisboa e Torres (1999) destacam que a área de
lavagem e centrifugação, também chamada de área úmida, caracterizam-se pela
fadiga nas tarefas, umidade expressiva e ruídos das máquinas. Sendo que para
prevenir acidentes nesta é necessário evitar acúmulo de água com a utilização
de área de escoamento protegida por grades, além disso, os funcionários devem
utilizar avental e calçados impermeáveis. Os profissionais de lavanderias estão
submetidos a riscos que podem comprometer sua saúde.
Silva (2006) relaciona as doenças pulmonares,
do sistema músculo-esquelético, fadiga ocular, lacrimejamento à ausência de
equipamentos de proteção individual, além de riscos ocupacionais, biológicos,
físicos, ergonômicos e posturais em função do espaço físico de trabalho. Evitar
a recontaminação das roupas processadas deve ser uma meta a ser atingida por qualquer
lavanderia bem como a busca pela racionalização do trabalho, do tempo e do pessoal.
Castro e Chequer (2001) propõem que a racionalização
do trabalho pode ser conseguida através de um ambiente de trabalho “o mais
ergonômico possível”. Isto envolve níveis de conforto ambiental relativos: ao
ruído, que pode gerar perdas de audição; ao nível de iluminação necessária ao
trabalho a ser executado; ao nível de temperatura e umidade do ar que não deve
ultrapassar 25ºC e 40 a 60% respectivamente; ventilação e exaustão dentro dos limites
aceitáveis.
As condições ambientais de uma lavanderia,
àquelas que se referem ao espaço físico onde o trabalhador desenvolve as
atividades, exercem influência na prevenção de doenças profissionais e
acidentes. As variações de calor, frio, pressão, ruído, vibração, umidade, vapor,
entre outros presentes na lavanderia podem constituir fontes de fadiga. O ruído
funciona como um acelerador do estresse nesse setor. Por isto esses fatores
devem ser controlados (SILVA, 2006, p.10).
As condições ambientais no processo de higienização
de roupas geralmente são insalubres, pois a alta temperatura, a umidade, o
ruído e as vibrações são comuns e podem causar problemas de saúde, tonturas,
mal-estar, dor de cabeça, fadiga entre outros. Que propiciam a ocorrência de
acidentes e de doenças profissionais e, em geral, se trad uzem em prejuízos na
produção (BARTOLOMEU, 1998).5
2.2 O Setor de Processamento das Roupas
Para o gerenciamento do processamento de
roupas, na atual conjuntura do mercado, o profissional precisa ser capaz de
planejar, organizar, motivar, coordenar e solucionar problemas relativos à
lavanderia. É fundamental que este profissional possua conhecimentos sobre
fibras, tenha domínio das técnicas e dos processos de higienização de roupas e manipulação
de produtos químicos de lavanderia.
Os demais funcionários devem ser pessoas
qualificadas através de treinamentos, e, ter um mínimo de escolaridade e
disposição que permitam mudar suas práticas de trabalho. Destacam Castro e
Chequer (2001), que funcionários com pouca instrução têm dificuldade em aceitar
mudanças e adotar os conhecimentos obtidos em treinamentos. No setor de
processamento das roupas é imprescindível a utilização de equipamentos de
proteção, porém é importante o cuidado durante o uso para eles não se tornem
fonte de acidentes. Os aventais, usados sobre os uniformes, devem possuir alças
no pescoço e na cintura que possam soltar-se com facilidade.
Os outros equipamentos indicados por Cândido
e Vieira (2003) para o pessoal do setor de lavagem são: gorros; botas; luvas;
óculos de proteção; máscaras de proteção respiratória com cartucho químico. O
processamento de roupas em lavanderias de indústrias de abate e processamento
de carne, para Silva (2006), possuem riscos que se acentuam, pois as roupas
trazem sujidades como sangue, fezes e urina de animais, meios propícios ao
crescimento e desenvolvimento de microrganismos que podem ser patogênicos ou
não. Este tipo de sujidade também é encontrado na lavanderia da UFRRJ e exige
cuidados especiais quanto à contaminação.
Outros riscos presentes no setor de
processamento referem-se à temperatura da lavanderia por causa dos
equipamentos, que produzem calor, como a secadora, calandra e o ferro de
passar; e a umidade, proveniente da lavadora e centrífuga, que muitas vezes são
instalados em ambiente único.
2.3 Aperfeiçoamento Técnico do Pessoal de
Lavanderia
Defendem Probst et al (2002) que o
conhecimento é o único recurso que aumenta com o uso, tendo as empresas que
aprender a administrar seus ativos intelectuais para sobreviver e competir na
“sociedade do conhecimento”.
A lavanderia universitária, por ser uma área
de apoio aos diversos setores da Instituição e de atendimento aos estudantes,
não geradora de lucros, geralmente é considerada6 como um dos últimos locais a
receber investimentos para melhorar a sua estrutura física, organizacional e
pessoal. O treinamento em lavanderias é fator de segurança do trabalhador e de
melhoria da qualidade do serviço prestado, uma vez percebe-se que muitos
profissionais são admitidos como colaboradores sem a devida qualificação. É
comum que a transmissão do conhecimento, necessário ao bom funcionamento do
estabelecimento, seja feita através de funcionários mais antigos.
O conhecimento tácito, assim transmitido,
pode gerar a possibilidade de erros ou de acidentes, uma vez que os funcionários mais
antigos podem estar desenvolvendo suas atividades de modo inadequado. É
necessário que o conhecimento que já se encontra presente na lavanderia seja compartilhado
com os novos colaboradores.
Argumentam Probst et.al (2003, p.34) que: “o compartilhamento
e a distribuição do conhecimento em uma organização são uma condição vital para
transformar informações ou experiências isoladas em algo que toda organização pode
utilizar”.
Os processos adotados em uma lavanderia, sua
rotina de trabalho, suas particularidades e a adequação às necessidades
diárias, fazem parte de um conhecimento tácito que deve ser transmitido para
fortalecer a percepção da problemática específica do trabalho, de modo a
melhorar seu fluxo, a fim de que a qualidade seja mantida. Isto independe de
treinamentos, estes promovem maior qualidade de um serviço, pois envolvem a melhoria
contínua com a capacitação dos colaboradores.
As empresas investem em treinamento para
melhorar o desempenho individual e a produtividade. Para Bateman e Snell (1998) o
conhecimento e o desempenho das empresas devem ser continuamente aperfeiçoados.
A Satisfação dessa exigência envolve atividades de treinamento e
desenvolvimento a fim de motivar as pessoas para o melhor desempenho possível.
Relatam os autores que a General Motors investiu na última década mais de dois bilhões
em ensino e treinamento, o que a transformou na maior instituição educacional
de fundo privado dos Estados Unidos. Destacam ainda que a American Society for
Training and Development (ASTD) argumenta que, como porcentagem total da folha
de pagamentos, o investimento médio das organizações em treinamento é pequeno
demais.
O caso específico de lavanderias devido,
principalmente ao desprestígio profissional, esta situação se agrava. Alerta Calegari
(2003) que o treinamento em lavanderia hospitalar é muito pouco difundido e que
esta carência é mais acentuada em hospitais públicos. A percepção de que o grau
de escolaridade é baixo entre esses trabalhadores deveria levar a
intensificação de treinamentos, pois como destaca Silva (2006, p.8)7
A admissão de trabalhadores com pouca ou sem
instrução pode-se reverter em problemas de saúde aos mesmos, constituindo-se,
dessa forma, um risco, uma vez que estes trabalhadores podem apresentar
dificuldades de entendimento e compreensão de normas e técnicas de higienização
de roupas, riscos e posturas adequadas, tornando-se, mais vulneráveis aos riscos
inerentes ao trabalho em lavanderias e aos acidentes de trabalho.
O treinamento também age como fator de
motivação. Para Bateman e Snell (1998). A motivação refere-se a forças que
energizam, dirigem e sustentam os esforços de uma pessoa. Uma pessoa altamente
motivada e entendendo adequadamente qual é sua função, trabalhará com afinco
para atingir metas de desempenho com habilidade e se tornará altamente produtiva.
3 METODOLOGIA
Este estudo foi desenvolvido a partir da
necessidade de treinamento sentida pela chefia da lavanderia da UFRRJ.
Atualmente, compondo o quadro de colaboradores, encontram-se além de
funcionários que ali se encontram há vários anos, servidores que trabalhavam em
outros setores e profissionais terceirizados que possuem baixa qualificação
para o serviço.
Diante do exposto, a chefia da lavanderia
solicitou um treinamento, visando melhorar a qualidade do serviço prestado. Para
elaboração da capacitação foi feita uma visita diagnóstica, para sondagem do conhecimento
técnico dos profissionais. A partir deste levantamento foi proposto um curso com
quatro horas semanais a ser desenvolvido em duas etapas. Isto ocorreu devido à proximidade
do término do ano letivo, das férias escolares e das férias dos funcionários da
lavanderia.
O treinamento proposto foi composto por um curso
com aulas teóricas e práticas. A primeira etapa do curso, realizada em 2008,
recebeu o título de “Conhecendo as Fibras”. Entre os assuntos abordados o
conhecimento das fibras mereceu destaque uma vez que entendemos, como Castro e
Chequer (2001), ser de fundamental importância o conhecimento das fibras e dos
diferentes métodos de produção de panos para que o processamento das roupas
seja efetuado de modo a que se obtenha o melhor resultado de limpeza e se
garanta a durabilidade das peças.
A segunda “Conhecendo os Processos da
Lavanderia”, foi realizada na lavanderia universitária e teve início logo após
as férias escolares. Nesta etapa foram apresentados8 conteúdos referentes a
produtos utilizados no processamento das roupas, tanto na lavagem quanto no
alvejamento e desinfecção; processos de lavagem e segurança no trabalho.
Ao final da primeira etapa foi aplicado um
questionário, com o objetivo de se perceber como estava sendo recebido o
treinamento.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A lavanderia é o local onde são processadas
as roupas da universidade e tem por objetivo manter essas peças em condições de
uso.
Hoje a lavanderia da UFRRJ atende a população
de alunos alojados, aos Institutos, Decanatos, Casa do Reitor, Restaurante
Universitário, Posto Médico, Hotel, Colégio Técnico e Hospital Veterinário além
de residências de servidores e comunidade adjacente. Para atender a necessidade
de capacitação do operador da lavanderia, de modo que este profissional possa
desenvolver suas atividades com eficiência, mantendo as roupas limpas dentro
dos padrões de higiene necessários à manutenção da boa saúde, o curso, inicialmente,
desenvolveu atividades teóricas e práticas sobre identificação de fibras e
tecidos, suas propriedades e a influência no do tratamento de lavagem,
alvejamento e desinfecção sobre a resistência e durabilidade dos artigos
têxteis.
Nesta etapa percebeu-se o interesse e a
curiosidade pelo que era apresentado, sendo a aula interrompida diversas vezes
para esclarecimentos. Os participantes demonstravam acentuado desconhecimento
do assunto. Durante a preparação do curso houve uma preocupação com a
terminologia a ser utilizada, foi definido que o conteúdo seria apresentado da
forma mais simples possível para não prejudicar o aprendizado. Porém 20% dos
participantes responderam no questionário que a linguagem utilizada
possibilitou dificuldade para o entendimento.
Apenas 62,5% dos trabalhadores da lavanderia
participaram do treinamento. Este número foi justificado pela chefia alegando
que a lavanderia não poderia fechar e que os trabalhadores terceirizados seriam
obrigados a participar. Percebe-se deste
modo que o objetivo de melhoria da qualidade do serviço prestado não poderá ser
atingida plenamente.
Um fator percebido como limitante da
compreensão do conteúdo apresentado foi o nível de instrução, já que 40% dos
participantes, como demonstrado na figura 1, possuíam baixa escolaridade, tendo
dificuldade de entender alguns termos utilizados.9
FIGURA 1 – Grau de escolaridade dos trabalhadores da lavanderia da UFRRJ
participantes do treinamento. Seropédica, 2009.
A faixa etária pode ser considerada como
outro fator que pode interferir tanto no aprendizado do curso como no
desenvolvimento de novas formas de conduzir as atividades, já que 60% dos
participantes do curso possuía mais de cinqüenta anos (figura 2) e as expectativas
com a aposentadoria se faziam presentes.
FIGURA 2 – Faixa etária dos trabalhadores da lavanderia da UFRRJ
participantes
do treinamento. Seropédica, 2009.
De modo geral o curso foi bem aceito e os
participantes, embora tenham respondido
que participaram do curso para atender ao
pedido da chefia, informaram também que possuíam desejo de ser um profissional
melhor capacitado, aumentar conhecimentos para melhorar a qualidade do serviço
e que já tinham aplicado o que aprenderam no curso no seu trabalho diário.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista o que foi percebido quanto ao
conhecimento técnico dos operadores da lavanderia no que se refere
principalmente ao conhecimento de fibras têxteis e da influência dos produtos
utilizados na higienização, sugerimos que outros treinamentos sejam realizados aprofundando
esses assuntos.
Como o treinamento foi realizado baseado na
solicitação feita pela lavanderia e dentro de uma carga horária insuficiente
para o aprofundamento dos diferentes temas, torna-se necessário que esses
temas, e outros não abordados, como equipamento de lavanderia, formulações de
lavagem, identificação de problemas de lavanderia, entre outros façam parte de
um treinamento regular.
A segunda etapa do curso, realizada na lavanderia,
sofreu muitos atrasos e interrupções devido à solicitação da presença de algum
participante junto aos clientes ou para o atendimento do telefone. Consideramos
que a realização de treinamentos deve ser realizada fora da lavanderia ou em um
ambiente fechado, sem interrupções, e que todos os operadores devem estar
envolvidos, para que deste modo o treinamento tenha seus objetivos alcançados e
a lavanderia possa oferecer aos seus “clientes” serviços de boa qualidade,
oferecido por profissionais competentes e conscientes de suas necessidades e
obrigações dentro desta lavanderia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARTOLOMEU, Tereza Angélica. Identificação e
avaliação dos principais fatores que determinam a qualidade de uma lavanderia
hospitalar: um estudo de caso no setor de processamentos de roupas do hospital
universitário da UFSC. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, UFSC, 1998.
BATEMAN, T. S; SNELL, S. A. Administração:
Construindo vantagem competitiva.
Tradução Celso A Rimoli. São Paulo: Atlas,
1998.
CALEGARI, A. Análise das posturas adotadas em
postos de trabalho de uma lavanderia hospitalar. Dissertação. Mestrado Profissionalizante
em Engenharia. UFRS. 2003.
CASTRO, M.S.; CHEQUER, S. L. Serviço de
processamento da roupa hospitalar: Gestão e funcionamento. Viçosa: UFV, 2001.
100 p.
LAURO, N.S.; FONTES, M.B.; SILVEIRA, K.M.;
MARQUES, N.A.C. Condições de
funcionamento da lavanderia institucional da
Universidade Federal de Viçosa/ MG – estudo de caso. Oikos, Viçosa, v.13, n.1,
p. 83-94, 2001.
MEZZONO, A.A. Lavanderia Hospitalar
Organização e Técnica. 5. ed. São Paulo:
CEDAS, 1992.11
PROBST, G., SETFFEN, R. e ROMHARDT, K. Gestão
do Conhecimento: os Elementos Construtivos do Sucesso. Tradução de Maria
Adelaide Carpigiani. Porto Alegre: Bookmam, 2002.
SILVA, V. E. Qualidade de vida no trabalho em
uma lavanderia de industria de abate e processamento de carne, pela avaliação
de riscos ambientais e sócio-culturais. Dissertação, Programa de Pós-graduação
em Economia Doméstica. Universidade federal de Viçosa. 2006.
TORRES, S.; LISBOA, T.C. Limpeza e higiene,
lavanderia hospitalar. São Paulo: CLR Balieiro, 1999. 227p.
[1] Docente da área de
Vestuário e Têxteis, Departamento de Economia Doméstica. Instituto de Ciências
Humanas e Sociais. UFRRJ. E-mail; valle@ufrrj.br
[2] Discente do curso de
Economia Doméstica, Departamento de Economia Doméstica. Instituto de Ciências Humanas
e Sociais. UFRRJ. E-mail: biadesousa.ufrrj@ig.com.br2
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