quarta-feira, abril 18, 2012

Aperfeiçoamento Técnico na Lavanderia - Estudo de caso


APERFEIÇOAMENTO TÉCNICO DO PESSOAL DE LAVANDERIA:
UM ESTUDO NA UFRRJ

Maria da Conceição Gomes Valle[1]
Fabíola de Sousa Pinto[2]

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo realizar um treinamento com os trabalhadores da lavanderia da UFRRJ. Uma vez que, a função da lavagem das roupas é obter a completa higiene, evitando a recontaminação, e que a lavanderia atende a toda comunidade universitária, torna-se necessário que os profissionais da lavanderia estejam qualificados para suas funções. É preciso ainda que os operadores da lavanderia tenham consciência também sobre os riscos de contaminação pessoal e das roupas higienizadas, já que na lavanderia são processadas roupas do posto médico e hospital veterinário. O treinamento foi desenvolvido a partir da necessidade sentida pela chefia da lavanderia. Os temas abordados envolveram o conhecimento das fibras, métodos de produção de panos, produtos utilizados na higienização das roupas, os processos de lavagem e segurança no trabalho. Pois a capacitação visava proporcionar condições para obtenção de melhores resultados de limpeza e durabilidade das peças. Apenas 62,5% dos trabalhadores participaram do treinamento. O curso foi bem aceito pelos participantes, que informaram possuir desejo de ser um profissional melhor, aumentar conhecimentos para melhorar a qualidade do serviço, além poder aplicar o que aprenderam em suas atividades diárias. Consideramos que os treinamentos deveriam ser realizados fora do espaço da lavanderia e envolver todos operadores, para que a lavanderia possa oferecer à Instituição e demais usuários um serviço de qualidade, e se crie nos funcionários uma consciência em relação aos riscos que a roupa contaminada oferece.
PALAVRAS-CHAVE: Treinamento. Conhecimento técnico. Lavanderia universitária.



1 INTRODUÇÃO

Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) a lavanderia é um setor de apoio que auxilia o bom funcionamento da Instituição. A ela compete o processo de higienização das roupas utilizadas no Campus Seropédica. A qualidade do serviço prestado em diferentes unidades como alojamentos, hotel, restaurante, o hospital veterinário, entre outros, depende da qualidade do processamento e entrega das roupas em perfeitas condições de limpeza.

Para que isto ocorra, torna-se necessário que os profissionais da lavanderia estejam qualificados para suas funções e tenham conhecimento, principalmente, quanto às fibras têxteis, produtos químicos utilizados e os processos de separação, lavagem, centrifugação, secagem e passagem das roupas.

A universidade recebe em seus alojamentos alunos de outros estados e até de outros países, por isto necessita oferecer serviços como alimentação, lavanderia, serviços médicos, hospedagem entre outros. Hoje a lavanderia atende, além desses alunos, a todos os Institutos, Decanatos, Casa do Reitor, Restaurante Universitário, Posto Médico, Hotel, Colégio Técnico, Hospital Veterinário, residências de servidores e comunidade adjacente.

Percebe-se que há muitos anos o quadro da lavanderia não é renovado através de concurso público, as vagas ali surgidas são preenchidas por funcionários remanejados de outros setores ou por contratação de pessoal terceirizado, através de empresas prestadoras de serviços, sendo admitidos como auxiliares de serviços. Portanto o nível de qualificação, necessário ao bom desempenho das funções ali exercidas, apresenta-se relativamente baixo.

Uma vez que, segundo Lauro (2001), a função da lavagem das roupas é obter a completa higiene e a preservação de contaminações. Torna-se necessário que os operadores da lavanderia tenham consciência também sobre os riscos de contaminação pessoal e das roupas higienizadas, já que na lavanderia são processadas roupas do Posto Médico e Hospital Veterinário.

Destaca Silva (2006) que os trabalhadores de lavanderia são, também, submetidos a fatores ambientais que podem gerar diferentes problemas de saúde pelo não uso de equipamentos de proteção individual, problemas ergonômicos e posturais em função do espaço físico de trabalho e doenças pulmonares e do sistema músculo-esquelético. Pelo exposto, o treinamento em lavanderia é uma necessidade, pois o operador da lavanderia deve ser um profissional responsável, consciente e capacitado para manter sua segurança, a eficiência de suas atividades e contribuir para que as roupas sejam limpas dentro dos padrões de higiene necessárias à manutenção da boa saúde.

A motivação para o desempenho das funções na lavanderia é outro fator de destaque, já que o trabalho neste setor, em diferentes instituições, muitas vezes não possui o mesmo reconhecimento que nos demais setores. Este estudo surgiu da solicitação da chefia da lavanderia que sentia a necessidade de capacitar os colaboradores para conhecer técnicas de processamento de roupas.

2 REVISÃO DE LITERATURA

A lavagem de roupas tem por finalidades a remoção de sujeiras e das cargas microbianas das roupas, proporcionando boa aparência, conforto e bem-estar ao usuário. Afirmam Castro e Chequer (2001) que a lavagem reduz 99% dos microorganismos presentes3 nas roupas hospitalares e que além da preocupação em desinfetar a roupa durante a lavagem é necessário que toda equipe de trabalho esteja treinada e conscientizada da necessidade do uso de técnicas corretas na manipulação de todo processamento das roupas até sua distribuição, para que se evite a recontaminação.

Destacam ainda Torres e Lisboa (1999) que deve ser concedido ao profissional de lavanderia oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional para evitar desnível entre as exigências do cargo e seu ocupante; queda da qualidade das atividades; baixa de autoestima e insatisfação. Ressaltam ainda que um pessoal bem treinado e valorizado resultará em maior produtividade e menor custo e que se o funcionário não se conscientizar do “porque” realizar determinado procedimento, não verá problemas em executar as técnicas de outra forma, ou seja, de forma errada.

2.1 Condições Físicas e Ambientais da Lavanderia

O planejamento físico da lavanderia segundo Mezzono (1992) deve ser realizado considerando a dimensão, distribuição, localização das instalações, circulação e fluxo do serviço. É necessário que o local de trabalho apresente uma racionalização do espaço com um fluxo de circulação livre para não causar transtorno aos operadores.

Para Cândido e Vieira (2003), uma lavanderia bem planejada pode oferecer melhores condições de trabalho, menor risco à saúde, maior produtividade com aumento da qualidade e redução dos custos.

Castro e Chequer (2001) dividem a lavanderia basicamente em área suja e área limpa. A área suja (contaminada) pode se subdividir em: setor de coleta, de separação e de lavagem da roupa. Já a área limpa se divide em: setor de acabamento e rouparia e setor de costura. A descoberta de que o processamento de roupa hospitalar em um único ambiente pode propiciar a recontaminação da roupa limpa devido ao lançamento de um grande número de microorganismos no ar, levou ao desenvolvimento de uma “barreira de contaminação”. Esta barreira promove a separação das áreas suja e limpa. Neste caso torna-se necessário à utilização de lavadoras de barreira, isto é, com duas portas de acesso, uma para cada área.

Quando da utilização de lavadoras tradicionais, a barreira de contaminação deve ser feita pela delimitação de uma área física especial para separação da roupa suja. Esta área está situada em um espaço intermediário entre a área de lavagem e a área limpa onde ocorre o acabamento (SILVA, 2006)4

A lavanderia da UFRRJ efetiva a barreira de contaminação com a utilização de uma única lavadora para as roupas do hospital veterinário e com a colocação das roupas diretamente, dos sacos em que vem acondicionada, na máquina.

Lisboa e Torres (1999) destacam que a área de lavagem e centrifugação, também chamada de área úmida, caracterizam-se pela fadiga nas tarefas, umidade expressiva e ruídos das máquinas. Sendo que para prevenir acidentes nesta é necessário evitar acúmulo de água com a utilização de área de escoamento protegida por grades, além disso, os funcionários devem utilizar avental e calçados impermeáveis. Os profissionais de lavanderias estão submetidos a riscos que podem comprometer sua saúde.

Silva (2006) relaciona as doenças pulmonares, do sistema músculo-esquelético, fadiga ocular, lacrimejamento à ausência de equipamentos de proteção individual, além de riscos ocupacionais, biológicos, físicos, ergonômicos e posturais em função do espaço físico de trabalho. Evitar a recontaminação das roupas processadas deve ser uma meta a ser atingida por qualquer lavanderia bem como a busca pela racionalização do trabalho, do tempo e do pessoal.

Castro e Chequer (2001) propõem que a racionalização do trabalho pode ser conseguida através de um ambiente de trabalho “o mais ergonômico possível”. Isto envolve níveis de conforto ambiental relativos: ao ruído, que pode gerar perdas de audição; ao nível de iluminação necessária ao trabalho a ser executado; ao nível de temperatura e umidade do ar que não deve ultrapassar 25ºC e 40 a 60% respectivamente; ventilação e exaustão dentro dos limites aceitáveis.

As condições ambientais de uma lavanderia, àquelas que se referem ao espaço físico onde o trabalhador desenvolve as atividades, exercem influência na prevenção de doenças profissionais e acidentes. As variações de calor, frio, pressão, ruído, vibração, umidade, vapor, entre outros presentes na lavanderia podem constituir fontes de fadiga. O ruído funciona como um acelerador do estresse nesse setor. Por isto esses fatores devem ser controlados (SILVA, 2006, p.10).

As condições ambientais no processo de higienização de roupas geralmente são insalubres, pois a alta temperatura, a umidade, o ruído e as vibrações são comuns e podem causar problemas de saúde, tonturas, mal-estar, dor de cabeça, fadiga entre outros. Que propiciam a ocorrência de acidentes e de doenças profissionais e, em geral, se trad uzem em prejuízos na produção (BARTOLOMEU, 1998).5

2.2 O Setor de Processamento das Roupas

Para o gerenciamento do processamento de roupas, na atual conjuntura do mercado, o profissional precisa ser capaz de planejar, organizar, motivar, coordenar e solucionar problemas relativos à lavanderia. É fundamental que este profissional possua conhecimentos sobre fibras, tenha domínio das técnicas e dos processos de higienização de roupas e manipulação de produtos químicos de lavanderia.

Os demais funcionários devem ser pessoas qualificadas através de treinamentos, e, ter um mínimo de escolaridade e disposição que permitam mudar suas práticas de trabalho. Destacam Castro e Chequer (2001), que funcionários com pouca instrução têm dificuldade em aceitar mudanças e adotar os conhecimentos obtidos em treinamentos. No setor de processamento das roupas é imprescindível a utilização de equipamentos de proteção, porém é importante o cuidado durante o uso para eles não se tornem fonte de acidentes. Os aventais, usados sobre os uniformes, devem possuir alças no pescoço e na cintura que possam soltar-se com facilidade.

Os outros equipamentos indicados por Cândido e Vieira (2003) para o pessoal do setor de lavagem são: gorros; botas; luvas; óculos de proteção; máscaras de proteção respiratória com cartucho químico. O processamento de roupas em lavanderias de indústrias de abate e processamento de carne, para Silva (2006), possuem riscos que se acentuam, pois as roupas trazem sujidades como sangue, fezes e urina de animais, meios propícios ao crescimento e desenvolvimento de microrganismos que podem ser patogênicos ou não. Este tipo de sujidade também é encontrado na lavanderia da UFRRJ e exige cuidados especiais quanto à contaminação.

Outros riscos presentes no setor de processamento referem-se à temperatura da lavanderia por causa dos equipamentos, que produzem calor, como a secadora, calandra e o ferro de passar; e a umidade, proveniente da lavadora e centrífuga, que muitas vezes são instalados em ambiente único.

 2.3 Aperfeiçoamento Técnico do Pessoal de Lavanderia

Defendem Probst et al (2002) que o conhecimento é o único recurso que aumenta com o uso, tendo as empresas que aprender a administrar seus ativos intelectuais para sobreviver e competir na “sociedade do conhecimento”.

A lavanderia universitária, por ser uma área de apoio aos diversos setores da Instituição e de atendimento aos estudantes, não geradora de lucros, geralmente é considerada6 como um dos últimos locais a receber investimentos para melhorar a sua estrutura física, organizacional e pessoal. O treinamento em lavanderias é fator de segurança do trabalhador e de melhoria da qualidade do serviço prestado, uma vez percebe-se que muitos profissionais são admitidos como colaboradores sem a devida qualificação. É comum que a transmissão do conhecimento, necessário ao bom funcionamento do estabelecimento, seja feita através de funcionários mais antigos.

O conhecimento tácito, assim transmitido, pode gerar a possibilidade de erros ou de acidentes, uma vez que os funcionários mais antigos podem estar desenvolvendo suas atividades de modo inadequado. É necessário que o conhecimento que já se encontra presente na lavanderia seja compartilhado com os novos colaboradores.

Argumentam Probst et.al (2003, p.34) que: “o compartilhamento e a distribuição do conhecimento em uma organização são uma condição vital para transformar informações ou experiências isoladas em algo que toda organização pode utilizar”.

Os processos adotados em uma lavanderia, sua rotina de trabalho, suas particularidades e a adequação às necessidades diárias, fazem parte de um conhecimento tácito que deve ser transmitido para fortalecer a percepção da problemática específica do trabalho, de modo a melhorar seu fluxo, a fim de que a qualidade seja mantida. Isto independe de treinamentos, estes promovem maior qualidade de um serviço, pois envolvem a melhoria contínua com a capacitação dos colaboradores.

As empresas investem em treinamento para melhorar o desempenho individual e a produtividade. Para Bateman e Snell (1998) o conhecimento e o desempenho das empresas devem ser continuamente aperfeiçoados. A Satisfação dessa exigência envolve atividades de treinamento e desenvolvimento a fim de motivar as pessoas para o melhor desempenho possível. Relatam os autores que a General Motors investiu na última década mais de dois bilhões em ensino e treinamento, o que a transformou na maior instituição educacional de fundo privado dos Estados Unidos. Destacam ainda que a American Society for Training and Development (ASTD) argumenta que, como porcentagem total da folha de pagamentos, o investimento médio das organizações em treinamento é pequeno demais.

O caso específico de lavanderias devido, principalmente ao desprestígio profissional, esta situação se agrava. Alerta Calegari (2003) que o treinamento em lavanderia hospitalar é muito pouco difundido e que esta carência é mais acentuada em hospitais públicos. A percepção de que o grau de escolaridade é baixo entre esses trabalhadores deveria levar a intensificação de treinamentos, pois como destaca Silva (2006, p.8)7

A admissão de trabalhadores com pouca ou sem instrução pode-se reverter em problemas de saúde aos mesmos, constituindo-se, dessa forma, um risco, uma vez que estes trabalhadores podem apresentar dificuldades de entendimento e compreensão de normas e técnicas de higienização de roupas, riscos e posturas adequadas, tornando-se, mais vulneráveis aos riscos inerentes ao trabalho em lavanderias e aos acidentes de trabalho.

O treinamento também age como fator de motivação. Para Bateman e Snell (1998). A motivação refere-se a forças que energizam, dirigem e sustentam os esforços de uma pessoa. Uma pessoa altamente motivada e entendendo adequadamente qual é sua função, trabalhará com afinco para atingir metas de desempenho com habilidade e se tornará altamente produtiva.

3 METODOLOGIA
Este estudo foi desenvolvido a partir da necessidade de treinamento sentida pela chefia da lavanderia da UFRRJ. Atualmente, compondo o quadro de colaboradores, encontram-se além de funcionários que ali se encontram há vários anos, servidores que trabalhavam em outros setores e profissionais terceirizados que possuem baixa qualificação para o serviço.

Diante do exposto, a chefia da lavanderia solicitou um treinamento, visando melhorar a qualidade do serviço prestado. Para elaboração da capacitação foi feita uma visita diagnóstica, para sondagem do conhecimento técnico dos profissionais. A partir deste levantamento foi proposto um curso com quatro horas semanais a ser desenvolvido em duas etapas. Isto ocorreu devido à proximidade do término do ano letivo, das férias escolares e das férias dos funcionários da lavanderia.

O treinamento proposto foi composto por um curso com aulas teóricas e práticas. A primeira etapa do curso, realizada em 2008, recebeu o título de “Conhecendo as Fibras”. Entre os assuntos abordados o conhecimento das fibras mereceu destaque uma vez que entendemos, como Castro e Chequer (2001), ser de fundamental importância o conhecimento das fibras e dos diferentes métodos de produção de panos para que o processamento das roupas seja efetuado de modo a que se obtenha o melhor resultado de limpeza e se garanta a durabilidade das peças.

A segunda “Conhecendo os Processos da Lavanderia”, foi realizada na lavanderia universitária e teve início logo após as férias escolares. Nesta etapa foram apresentados8 conteúdos referentes a produtos utilizados no processamento das roupas, tanto na lavagem quanto no alvejamento e desinfecção; processos de lavagem e segurança no trabalho.

Ao final da primeira etapa foi aplicado um questionário, com o objetivo de se perceber como estava sendo recebido o treinamento.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A lavanderia é o local onde são processadas as roupas da universidade e tem por objetivo manter essas peças em condições de uso.

Hoje a lavanderia da UFRRJ atende a população de alunos alojados, aos Institutos, Decanatos, Casa do Reitor, Restaurante Universitário, Posto Médico, Hotel, Colégio Técnico e Hospital Veterinário além de residências de servidores e comunidade adjacente. Para atender a necessidade de capacitação do operador da lavanderia, de modo que este profissional possa desenvolver suas atividades com eficiência, mantendo as roupas limpas dentro dos padrões de higiene necessários à manutenção da boa saúde, o curso, inicialmente, desenvolveu atividades teóricas e práticas sobre identificação de fibras e tecidos, suas propriedades e a influência no do tratamento de lavagem, alvejamento e desinfecção sobre a resistência e durabilidade dos artigos têxteis.

Nesta etapa percebeu-se o interesse e a curiosidade pelo que era apresentado, sendo a aula interrompida diversas vezes para esclarecimentos. Os participantes demonstravam acentuado desconhecimento do assunto. Durante a preparação do curso houve uma preocupação com a terminologia a ser utilizada, foi definido que o conteúdo seria apresentado da forma mais simples possível para não prejudicar o aprendizado. Porém 20% dos participantes responderam no questionário que a linguagem utilizada possibilitou dificuldade para o entendimento.

Apenas 62,5% dos trabalhadores da lavanderia participaram do treinamento. Este número foi justificado pela chefia alegando que a lavanderia não poderia fechar e que os trabalhadores terceirizados seriam obrigados a participar.  Percebe-se deste modo que o objetivo de melhoria da qualidade do serviço prestado não poderá ser atingida plenamente.

Um fator percebido como limitante da compreensão do conteúdo apresentado foi o nível de instrução, já que 40% dos participantes, como demonstrado na figura 1, possuíam baixa escolaridade, tendo dificuldade de entender alguns termos utilizados.9


             FIGURA 1 – Grau de escolaridade dos trabalhadores da lavanderia da UFRRJ participantes do treinamento. Seropédica, 2009.

A faixa etária pode ser considerada como outro fator que pode interferir tanto no aprendizado do curso como no desenvolvimento de novas formas de conduzir as atividades, já que 60% dos participantes do curso possuía mais de cinqüenta anos (figura 2) e as expectativas com a aposentadoria se faziam presentes.


            FIGURA 2 – Faixa etária dos trabalhadores da lavanderia da UFRRJ participantes
           do treinamento. Seropédica, 2009.

De modo geral o curso foi bem aceito e os participantes, embora tenham respondido
que participaram do curso para atender ao pedido da chefia, informaram também que possuíam desejo de ser um profissional melhor capacitado, aumentar conhecimentos para melhorar a qualidade do serviço e que já tinham aplicado o que aprenderam no curso no seu trabalho diário.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista o que foi percebido quanto ao conhecimento técnico dos operadores da lavanderia no que se refere principalmente ao conhecimento de fibras têxteis e da influência dos produtos utilizados na higienização, sugerimos que outros treinamentos sejam realizados aprofundando esses assuntos.

Como o treinamento foi realizado baseado na solicitação feita pela lavanderia e dentro de uma carga horária insuficiente para o aprofundamento dos diferentes temas, torna-se necessário que esses temas, e outros não abordados, como equipamento de lavanderia, formulações de lavagem, identificação de problemas de lavanderia, entre outros façam parte de um treinamento regular.

A segunda etapa do curso, realizada na lavanderia, sofreu muitos atrasos e interrupções devido à solicitação da presença de algum participante junto aos clientes ou para o atendimento do telefone. Consideramos que a realização de treinamentos deve ser realizada fora da lavanderia ou em um ambiente fechado, sem interrupções, e que todos os operadores devem estar envolvidos, para que deste modo o treinamento tenha seus objetivos alcançados e a lavanderia possa oferecer aos seus “clientes” serviços de boa qualidade, oferecido por profissionais competentes e conscientes de suas necessidades e obrigações dentro desta lavanderia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARTOLOMEU, Tereza Angélica. Identificação e avaliação dos principais fatores que determinam a qualidade de uma lavanderia hospitalar: um estudo de caso no setor de processamentos de roupas do hospital universitário da UFSC. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, UFSC, 1998.
BATEMAN, T. S; SNELL, S. A. Administração: Construindo vantagem competitiva.
Tradução Celso A Rimoli. São Paulo: Atlas, 1998.
CALEGARI, A. Análise das posturas adotadas em postos de trabalho de uma lavanderia hospitalar. Dissertação. Mestrado Profissionalizante em Engenharia. UFRS. 2003.
CASTRO, M.S.; CHEQUER, S. L. Serviço de processamento da roupa hospitalar: Gestão e funcionamento. Viçosa: UFV, 2001. 100 p.
LAURO, N.S.; FONTES, M.B.; SILVEIRA, K.M.; MARQUES, N.A.C. Condições de
funcionamento da lavanderia institucional da Universidade Federal de Viçosa/ MG – estudo de caso. Oikos, Viçosa, v.13, n.1, p. 83-94, 2001.
MEZZONO, A.A. Lavanderia Hospitalar Organização e Técnica. 5. ed. São Paulo:
CEDAS, 1992.11
PROBST, G., SETFFEN, R. e ROMHARDT, K. Gestão do Conhecimento: os Elementos Construtivos do Sucesso. Tradução de Maria Adelaide Carpigiani. Porto Alegre: Bookmam, 2002.
SILVA, V. E. Qualidade de vida no trabalho em uma lavanderia de industria de abate e processamento de carne, pela avaliação de riscos ambientais e sócio-culturais. Dissertação, Programa de Pós-graduação em Economia Doméstica. Universidade federal de Viçosa. 2006.
TORRES, S.; LISBOA, T.C. Limpeza e higiene, lavanderia hospitalar. São Paulo: CLR Balieiro, 1999. 227p.


[1] Docente da área de Vestuário e Têxteis, Departamento de Economia Doméstica. Instituto de Ciências Humanas e Sociais. UFRRJ. E-mail; valle@ufrrj.br
[2] Discente do curso de Economia Doméstica, Departamento de Economia Doméstica. Instituto de Ciências Humanas e Sociais. UFRRJ. E-mail: biadesousa.ufrrj@ig.com.br2


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